13/09/2008

Bauhaus

Visitem e encontrem um pouco da história de uma das mais famosas Escola de Design do mundo. (fonte - http://tipografos.net/bauhaus/index.html )


A Bauhaus, escola fundada em 1919 na Alemanha, contribuiu de forma significativa para a definição do papel do designer.

Implementada com a missão de promover a união entre a arte e a técnica, apresentou nos seus primeiros anos de funcionamento uma orientação mais individualista, valorizando a expressão pessoal do artista na concepção do produto. Neste período, a escola começou a ocupar-se da produção de modelos de produtos para a indústria, consolidando a linguagem estética que caracteriza a Bauhaus até os dias de hoje, chamada por Maldonado "funcionalismo técnico- formalista".

Foi na Alemanha destruída pela I Guerra Mundial e frente ao desafio da reconstrução da economia do país, que, em 1919, o arquitecto Walter Gropius, tomando por base a experiência do Deutscher Werkbund, retoma, na criação da Bauhaus, a questão do artesanato e da produção industrial, cuja padronização, teme-se, poderia vir a aniquilar o talento artístico individual.
Mais que uma escola, fundou um centro de cultura que tem como objectivo a integração do ensino à indústria, superando a oposição entre trabalho manual e intelectual, arte e artesanato, arte e indústria e funcionando como um laboratório de idéias em relação à arquitectura, artes plásticas, artes gráficas e desenho de móveis e objetos domésticos, procurando conciliar o artesanato e o avanço tecnológico.
Considerado um aliado da arte e da técnica, o artesanato é visto com uma função pedagógica, como um aprendizado pelo fazer, abrindo-se para um programa que prevê o conhecimento de todos os instrumentos de trabalho e de todo o processo produtivo, desde a compreensão dos materiais, observação das formas e texturas da natureza, até o projeto e execução dos objetos.
Daí derivaria a capacidade de arquitectos e designers de projectar produtos para a indústria com qualidade estética e construtiva, do pequeno objeto ao edifício. No mobiliário, privilegiou-se essencialmente o aspecto funcional das peças em relação ao espaço, construindo-se móveis de aço e alumínio com elementos tubulares padronizados, instaurando-se assim uma nova tipologia, uma nova tecnologia e uma nova funcionalidade.
Consolidando definitivamente o significado do design industrial, a Bauhaus fez com que as peças de mobiliário fossem objectos úteis, práticos, agradáveis à vista e com um desenho adequado à produção em série, favorecendo sua viabilidade económica.
Fechada pelos Nazis em 1933, a Bauhaus prolongar-se-ia na obra de arquitectos e designers de móveis de grande aceitação pela indústria e pelo público da época e que até hoje constituem padrão de referência do mobiliário do século xx.

MANIFESTO

O propósito final de toda a actividade plástica é a construcção. Adorná-la era, outrora, a tarefa mais nobre das artes plásticas, componentes inseparáveis da magna arquitectura. Hoje estas estão numa situação de auto-suficiência singular, da qual só se libertarão através da consciente atuação conjunta e coordenada de todos os profissionais. Arquitectos, pintores e escultores devem novamente chegar a conhecer e compreender a estrutura multiforme da construção — na sua totalidade e nas suas partes; só então as suas obras estarão outra vez plenas de espírito arquitectónico que se perdeu na arte de salão. As antigas Escolas de Arte foram incapazes de criar essa unidade, e como poderiam, visto ser a arte coisa que não se ensina? Elas devem voltar a ser oficinas. Esse mundo de desenhadores e artistas deve, por fim, tornar a orientar-se para a construção. Quando o jovem que sente amor pela actividade plástica começar como antigamente, pela aprendizagem de um ofício, o "artista" improdutivo não ficará condenado futuramente ao incompleto exercício da arte, uma vez que sua habilidade fica conservada para a atividade artesanal, onde pode prestar excelentes serviços. Arquitectos, escultores, pintores, todos devemos retornar ao artesanato, pois não existe "arte profissional". Não há nenhuma diferença essencial entre artista e artesão, o artista é uma elevação do artesão, a graça divina, em raros momentos de luz que estão além de sua vontade, faz florescer inconscientemente obras de arte, entretanto, a base do "saber fazer" é indispensável para todo artista. Aí se encontra a fonte de criação artística. Formemos, portanto, uma nova corporação de artesãos, sem a arrogância exclusivista que criava um muro de orgulho entre artesãos e artistas. Desejemos, inventemos, criemos juntos a nova construção do futuro, que enfeixará tudo numa única forma: arquitetura, escultura e pintura que, feita por milhões de mãos de artesãos, se alçará um dia aos céus, como símbolo cristalino de uma nova fé vindoura.
Walter Gropius — Weimar, Abril de 1919