08/05/2008

Arte como sintoma: Hegel

A RESPOSTA DE HEGEL

Um filósofo alemão do século XIX, Hegel, ofereceu uma solução para o problema do inatismo e do empirismo posterior à de Kant.
Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo. A todos endereçou a mesma crítica, qual seja, a de não haverem compreendido o que há de mais fundamental e de mais essencial à razão: a razão é histórica.

De fato, a Filosofia, preocupada em garantir a diferença entre a mera opinião ("eu acho que", "eu gosto de", "eu não gosto de") e a verdade ("eu penso que", "eu sei que", "isto é assim porque"), considerou que as idéias só seriam racionais e verdadeiras se fossem intemporais, perenes, eternas, as mesmas em todo tempo e em todo lugar. Uma verdade que mudasse com o tempo ou com os lugares seria mera opinião, seria enganosa, não seria verdade. A razão, sendo a fonte e a condição da verdade, teria também que ser intemporal.
É essa intemporalidade atribuída à verdade a à razão que Hegel criticou em toda a Filosofia anterior.

Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel não está, de modo algum, dizendo que a razão é algo relativo, que vale hoje e não vale amanhã, que serve aqui e não serve ali, que cada época não alcança verdades universais. Não. O que Hegel está dizendo é que a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos é obra racional da própria razão. A razão não é uma vítima do tempo, que lhe roubaria a verdade, a universalidade, a necessidade. A razão não está na História; ela é a História. A razão não está no tempo; ela é o tempo. Ela dá sentido ao tempo.

Hegel também fez uma crítica aos inatistas e aos empiristas muito semelhante à que Kant fizera.
Ou seja, inatistas e empiristas acreditam que o conhecimento racional vem das próprias coisas para nós, que o conhecimento depende exclusivamente da ação das coisas sobre nós, e que a verdade é a correspondência entre a coisa e a idéia da coisa.

Para o empirista, a realidade "entra" em nós pela experiência. Para o inatista a verdade "entra" em nós pelo poder de uma força espiritual que a coloca em nossa alma, de modo que as idéias inatas não são produzidas pelo próprio sujeito do conhecimento ou pela própria razão, mas são colocadas em nós por uma força sábia e superior a nós (como Deus, por exemplo). Assim, o conhecimento parece depender inteiramente de algo que vem de fora para dentro de nós. No caso dos inatistas, depende da divindade; no caso dos empiristas, depende da experiência sensível.
Inatistas e empiristas se enganaram por excesso de objetivismo, isto é, por julgarem que o conhecimento racional dependeria inteiramente dos objetos do conhecimento.

Mas Kant também se enganou e pelo motivo oposto, isto é, por excesso de subjetivismo, por acreditar que o conhecimento racional dependeria exclusivamente do sujeito do conhecimento, das estruturas da sensibilidade e do entendimento.

A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a verdade está nos objetos) nem exclusivamente subjetiva (a verdade está no sujeito), mas ela é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ela é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as idéias, entre o mundo exterior e a consciência, entre o objeto e o sujeito, entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva.

O que é afinal a razão para Hegel?

A razão é:

1.o conjunto das leis do pensamento, isto é, os princípios, os procedimentos do raciocínio, as formas e as estruturas necessárias para pensar, as categorias, as idéias - é razão subjetiva;
2.a ordem, a organização, o encadeamento e as relações das próprias coisas, isto é, a realidade objetiva e racional - é razão objetiva;
3.a relação interna e necessária entre as leis do pensamento e as leis do real.

Ela é a unidade da razão subjetiva e da razão objetiva.

Por que a razão é histórica?

A unidade ou harmonia entre o objetivo e o subjetivo, entre a realidade das coisas e o sujeito do conhecimento não é um dado eterno, algo que existiu desde todo o sempre, mas é uma conquista da razão e essa conquista a razão realiza no tempo. A razão não tem como ponto de partida essa unidade, mas a tem como ponto de chegada, como resultado do percurso histórico ou temporal que ela própria realiza.

Qual o melhor exemplo para compreender o que Hegel quer dizer? Vimos que os inatistas começaram combatendo a suposição de que opinião e verdade são a mesma coisa. Para livrarem-se dessa suposição, o que fizeram eles? Disseram que a opinião pertence ao campo da experiência sensorial, pessoal, psicológica, instável e que as idéias da razão são inatas, universais, necessárias, imutáveis.

Os empiristas, no entanto, negaram que os inatistas tivessem acertado, negaram que as idéias pudessem ser inatas e fizeram a razão depender da experiência psicológica ou da percepção. Ao faze-lo, revelaram os pontos fracos dos inatistas, mas abriram o flanco para um problema que não podiam resolver, isto é, a validade das ciências.

A filosofia kantiana negou, então, que inatistas e empiristas estivessem certos. Negou que pudéssemos conhecer a realidade em si das coisas, negou que a razão possuísse conteúdos inatos, mostrando que os conteúdos dependem da experiência; mas negou também que a experiência fosse a causa da razão, ou que esta fosse adquirida, pois possui formas e estruturas inatas. Kant deu prioridade ao sujeito do conhecimento, enquanto empiristas e inatistas davam prioridade ao objeto do conhecimento.

Que diz Hegel? Que esses conflitos filosóficos são a história da razão buscando conhecer-se a si mesma e que, graças a tais conflitos, graças às contradições entre as filosofias, a Filosofia pode chegar à descoberta da razão como síntese, unidade ou harmonia das teses opostas ou contraditórias.

Em cada momento de sua história, a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e, logo a seguir, uma tese contrária à primeira ou uma antítese. Cada tese e cada antítese foram momentos necessários para a razão conhecer-se cada vez mais. Cada tese e cada antítese foram verdadeiras, mas parciais. Sem elas, a razão nunca teria chegado a conhecer-se a si mesma. Mas a razão não pode ficar estacionada nessas contradições que ela própria criou, por uma necessidade dela mesma: precisa ultrapassa-las numa síntese que una as teses contrárias, mostrando onde está a verdade de cada uma delas e conservando essa verdade. Essa é a razão histórica.


CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
(Este e outros trechos do livro disponíveis em: http://www.discursus.hpg.com.br/javanes/filocont.html)

Estética - Profa. Carol Gusmão

O que é Design Gráfico?

Partirei do pressuposto de que o Design Gráfico é uma ramificação do desenho industrial (Design), integrante da habilitação em programação visual (antigamente, Comunicação Visual), conforme determina o MEC.

Essa integração da comunicação visual ao desenho industrial se deu possivelmente visando uma formação mais adequada ao profissional, que há de desenvolver mensagens visuais que equacionam sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam concretamente às necessidades humanas.

O Design Gráfico se dá em planos bidimensionais e é voltado para a impressão. Seu surgimento remete aos tempos da Revolução Industrial, quando aflorou a necessidade da comunicação visual para informar as pessoas vindas do campo (muitas delas não alfabetizadas) para trabalhar nas fábricas dos grandes centros urbanos.


A ICOGRADA (Internacional Council of Grafic Design Associations)afirma que o Design Gráfico é uma atividade técnica de análise, organização e métodos de apresentação de soluções visuais para problemas de comunicação.

A ADG (Associação dos Designers Gráficos do Brasil) classifica o Design Gráfico como um processo técnico e criativo que utiliza imagens e textos para comunicar mensagens, idéias e conceitos a fim de informar, identificar, sinalizar, organizar, estimular, persuadir e entreter, resultando na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

O professor e designer gráfico André Villas-Boas endossa a idéia original de que o Design Gráfico é uma sub-área da programação visual e que junto com o projeto de produto, são habilitações do Design ou desenho industrial e afirma que:

"Design Gráfico é a área de conhecimento e a prática profissional específicas que tratam da organização formal de elementos visuais (tanto textuais quanto não-textuais) que compõem peças gráficas para reprodução, que são reproduzíveis e que têm um objetivo expressamente comunicacional." (VILLAS-BOAS, 1999)

Vale a pena salientar que o Design Gráfico não está sozinho dentro do desenho industrial. Existem duas grandes vertentes do Design, o Design (ou projeto) de produtos, que tem por objetivo o desenvolvimento de projetos de produtos e utensílios tridimensionais e a comunicação visual, que compreende o Design Gráfico e outras sub-áreas, como o design de embalagens, que também possui fundamentos do projeto de produtos e o design multimídia, que é voltado para ambientes digitais como a web, jogos e televisão, entre outros.


Segundo Villas-Boas, o Design vive hoje uma grande crise ocasionada pela diversificação de seus parâmetros conceituais de projeto decorrentes da exaustão dos cânones firmados ao longo do século e pela vulgarização da massificação de sua prática advinda da informatização.

Fato é que existem atualmente diversos cursos de formação em Design Gráfico e outras novas modalidades de Design e a antítese disso é não haverregulamentação governamental para a profissão.

Isso dificulta ainda mais uma definição precisa do termo e o que ele compreende. Fazendo uma alusão a Gombrich, seria difícil afirmar que não existe design, e sim, designers.

Brincadeiras à parte, me arrisco em afirmar que o Design Gráfico é uma atividade projetual, funcional, comunicacional, comercial, visual e reproduzível intencionalmente por meios mecânicos.
Espero que as definições supracitadas posicionem o leitor de uma forma clara sobre o tema e impulsione novas pesquisas e discussões sobre o assunto.

Bibliografia
ADG do Brasil. Design Gráfico. Disponível em: <http://www.adg.org.br/html/mod
_design_grafico.asp
>Acessado em setembro de 2006.
AZEVEDO, Wilton. Os Signos do Design. SP. Global, 1994.
VILLAS-BOAS, André. O que [é e o que nunca foi] Design.Rio de Janeiro. Ed. 2 AB. 1999.
Marcos Paes de BarrosOrientador dos Cursos de "Design Gráfico" e "História do Design" da ABRA

O que é Design?

Muito se discute sobre a suposta etimologia do termo "Design", entretanto, ela surge em nosso cotidiano quase como um vocábulo coringa que agrupa e dá status a atividades que a princípio não tem necessariamente relações diretas com a palavra.Neste artigo, pretende-se desmistificar a origem e aplicação do termo a fim de ampliar a capacidade de aglutinar conhecimentos específicos sobre o tema, de modo que o leitor seja capaz de desenvolver seu entendimento de modo livre a partir de dados científicos e acadêmicos.Partiremos da convenção de que a tradução mais aceita para a palavra "Design" é o termo "Desenho Industrial", considerando os postulados estéticos de Kant e as análises dos empiristas ingleses sobre a beleza e a funcionalidade (DORFLES, 2002), endossados pela nomenclatura atribuída aos cursos de formação de nível superior pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) no Brasil desde o tempo da ESDIRJ até os dias de hoje.A ICSDI (Internacional Council of Societies of Industrial Design), entidade fundada em 1957, em Paris, que reúne sociedades e associações profissionais em todo o mundo, dedicadas a promover o desenvolvimento da sociedade industrial, discrimina o termo Desenho Industrial como vemos no texto a seguir:

"Desenho Industrial é uma atividade no extenso campo da inovação tecnológica, uma disciplina envolvida nos processos de desenvolvimento de produtos, ligada a questões de uso, produção, mercado, utilidade e qualidade formal ou estética dos produtos". (ICSDI apud CUNHA, 2000)

Segundo o autor italiano Gillo Dorfles, o Design surgiu como o que conhecemos hoje por Desenho Industrial a partir da Revolução Industrial, a partir da necessidade de produção para suprir a demanda dos grandes centros urbanos em expansão. O surgimento foi alavancado com invenções como a máquina a vapor de James Watt em 1776 e o tear mecânico de Edmond Cartwright em 1785, que possibilitariam a produção em série.

Segundo o mesmo autor, desde o início, o Design é produzido por meios mecânicos, em série e por meio de uma atividade projetual, diferenciando-o de outras atividades como o artesanato, por exemplo, que é produzido manualmente, resultando em peças únicas e para suprir a ausência da atividade projetual presente no Design, transformando possíveis erros na produção em adornos.O Design possui atualmente, no Brasil e no mundo, diversas ramificações, dentre elas o Design Gráfico, que compreende a comunicação e programação de espaços visuais e bidimensionais visando à impressão; o Design de Produtos, que tem por objetivo o desenvolvimento de projetos de produtos e utensílios; o Design de Embalagens, que mescla características das duas anteriores e o Design Multimídia, que é voltado para ambientes digitais como a web, jogos e televisão, entre outros.O deputado Eduardo Paes, em seu projeto de lei n° 2.621 de 2003 para a regulamentação da profissão de desenhista industrial, afirma que:


"Art.1º - Desenhista industrial é todo aquele que desempenha atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionam sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos que atendam concretamente às necessidades humanas."

"Parágrafo Único - Os projetos de desenhista industrial são aptos à seriação ou industrialização que mantenha relação com o ser humano quanto ao uso ou percepção, de modo a atender necessidades materiais e de informação visual."

O MEC classifica o Desenho Industrial como ciência social aplicada, ou seja, a área abriga as ciências cujos conhecimentos impactam na vida humana do ponto de vista coletivo. O aproveitamento do Desenho Industrial como ciência social aplicada, está atrelado a outras áreas especificas do conhecimento distendendo-se de forma multidisciplinar.Design não é arte, não é artesanato, não é publicidade, não é arquitetura e nem informática. Apesar dessa multidisciplinaridade, o Design prevalece como uma ciência autônoma que se faz valer da tecnologia e de outros aspectos em comum como, por exemplo, as ferramentas gráficas da informática, a influência e relações com os períodos históricos artísticos ou das pesquisas e fundamentações do marketing.O Design é uma ciência relativamente nova que promove relações com outras ciências, talvez essa seja uma das dificuldades em rotulá-lo de forma eficaz e indiscutível e até mesmo regulamentá-lo como uma profissão soberana e autônoma. No Brasil, a maioria dos grandes projetos é oriunda de países com um maior desenvolvimento e encomendados pelas empresas multinacionais, que detêm grandes parcelas do setor industrial.
Sobre a atividade projetual do Design, Rafael C. Denis afirma que o termo "Design" carrega uma ambigüidade em seu sentido no qual há um desdobramento entre opostos. Ao mesmo tempo em que compreende o ato abstrato de designar, criar e conceber, o Design também abrange o desenho, as especificações e o registro das idéias de um modo concreto resultando naquilo que ele define como projeto.Vale a pena salientar que muitos acreditam que a palavra "desenho" tem essa mesma dualidade, sendo auto-suficiente como tradução do termo original inglês. Wilton Azevedo, professor e Designer Gráfico brasileiro, apresenta um ponto muito interessante quando diferencia a arte do Design por meio de seu caráter de intencionalidade de reprodução em série, talvez porque o caráter projetual (tão abordado até aqui) está presente em ambos.Sendo assim, afinal, o que é Design?Não irei fazer nenhuma conclusão que poderia ter uma conotação simplista sobre o termo, pois sinceramente espero que essas definições complementem e abram caminho para novas pesquisas, propiciando que o Design possa atingir novos patamares como ciência, evoluindo e se inovando com o tempo.

No Brasil há uma carência e certa aversão à complementação teórica, sobretudo no Design, que por muitos ainda é visto como o simples ato de manipular imagens ou uma arte decorativa.

Bibliografia

AZEVEDO, Wilton. O que é Design. São Paulo. Ed. Brasiliense, 1998.CUNHA, Frederico Carlos da. A Proteção Legal do Design: Propriedade Industrial. Rio de Janeiro. Editora Lucerna, 2000.DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução à história do design. SP. Ed. Edgard Blücher,2000.
DORFLES, Gillo. O Design Industrial e a sua estética. SP. Ed. Presença, 1991.DORFLES, Gillo. Introdução ao Desenho Industrial. Lisboa. Edições 70, 2002.HESKETT, John. Desenho Industrial. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio / UNB, 1997.Marcos Paes de BarrosOrientador dos Cursos de "Design Gráfico" e "História do Design" da ABRA

Globo ganha nova programação e novo "logo".

Programação da Globo estréia com muitas novidades. Uma delas é o novo logotipo, criado pela equipe do designer Hans Donner.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM809567-7823-GLOBO+GANHA+NOVA+PROGRAMACAO+E+NOVO+LOGO,00.html


Colaborador e Aluno - Antonio Oliveira

Dentro e fora do Design.

Das palavras, das formas, do belo e do funcional, além da intencionalidade das cores a busca pela definição de design não se faz de modo simples, mas na tentativa de refinar e transformar às necessidades em propostas criativas para o cotidiano. Podemos encontrar uma infinidade de possíveis definições, ou seja, o Design busca na sua essência oferecer soluções para os desejos do homem e duma vida melhor.

Esses vídeos apresentam explicações, ou não, sobre o que é Design.

Assistam e tirem suas conclusões sobre os mitos ou verdades sobre Design Gráfico.


Você sabe o que é design?
http://www.youtube.com/watch?v=A2N4A_woS64&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=NfhFl3C78sk&NR=1

Design na boca do povo!
http://www.youtube.com/watch?v=tZ-rYHBc-2w&feature=related

Documentário 1 e 2 sobre Design Gráfico

http://www.youtube.com/watch?v=z5ooek46BCQ&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=kH9jZW0G-M8

Design?

http://www.youtube.com/watch?v=0sSnbpURbMw&feature=related

Colaborador - Antonio Oliveira

Ps.: "Só sei que nada sei". Sócrates